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Dia 6 da COP30: força das ruas e dos povos das águas, vozes dos territórios e luta pelos Mangues ganham destaque

  • comunicacao5558
  • há 3 dias
  • 9 min de leitura

Da marcha massiva às agendas do oceano e dos manguezais, o protagonismo dos territórios guiou os rumos deste sábado em Belém-PA.


O sexto dia da COP30 foi marcado pela força das ruas e dos povos do mar e das águas. A Marcha Global pelo Clima levou cerca de 70 mil pessoas às avenidas de Belém

O sexto dia da COP30 foi marcado pela força das ruas e dos povos do mar e das águas. A Marcha Global pelo Clima levou cerca de 70 mil pessoas às avenidas de Belém em um grande ato por justiça climática, protagonizado por povos indígenas, comunidades tradicionais e movimentos sociais. Vozes ecoaram suas demandas com criatividade e coragem, denunciando falsas soluções de mercado e reivindicando o fim da exploração de petróleo na Foz do Amazonas, além de financiamento direto para quem cuida dos territórios.


No mesmo dia, a declaração internacional de Kandy foi oficialmente lançada na COP, conectando as lutas do campo, das águas e das florestas em uma agenda global de transformação sistêmica. Belém-PA ouviu também o Grito do Mangue pelo Clima, documento lançado por organizações e redes de povos extrativistas e comunidades costeiras da Amazônia. A publicação reúne denúncias, diagnósticos e propostas de quem vive nas margens da crise climática, protegendo os manguezais e enfrentando o avanço de projetos predatórios em seus territórios.


Ao longo deste sábado (15/11), o oceano também ganhou destaque com o painel “Soluções Azuis para o Clima”, que reuniu lideranças de governo, comunidades e organizações para debater a gestão conjunta das Áreas Marinhas Protegidas. Carlinhos da AMEX, representando a CONFREM, reforçou a importância do conhecimento tradicional na construção de políticas públicas climáticas.


Confira os destaque do 6º dia da COP30:


Povos do Mar e das Águas ocupam as ruas de Belém na Marcha Global pelo Clima


A força dos territórios costeiros e marinhos ecoou por Belém durante a Marcha Global pelo Clima, um dos atos mais simbólicos da Cúpula dos Povos na COP30

No sábado (15/11), a força dos territórios costeiros e marinhos ecoou por Belém durante a Marcha Global pelo Clima, um dos atos mais simbólicos da Cúpula dos Povos na COP30. Cerca de 70 mil pessoas caminharam pelas ruas da capital paraense exigindo justiça climática, o fim das falsas soluções de mercado e o reconhecimento dos povos que protegem as florestas, o mar, as águas e os bens comuns. Povos indígenas, comunidades tradicionais, organizações da sociedade civil e ativistas do mundo inteiro deram forma a uma manifestação diversa, potente e pacífica, com 4 km de caminhada marcada por ritmos amazônicos, arte de rua e denúncias aos projetos que ameaçam os territórios.


Entre os protagonistas do ato estiveram os Povos do Mar e das Águas. Com bandeiras, cartazes, faixas, bonecos gigantes e cantos de luta, pescadoras e pescadores artesanais, marisqueiras, juventudes e lideranças tradicionais marcharam juntos, movimentos e parceiros como MPP, CPP, CONFREM, PainelMar e o fórum internacional WFFP. O Instituto Linha D’Água também esteve presente, apoiando e fortalecendo a mobilização, reforçando seu compromisso com os maretórios e com o protagonismo das comunidades na defesa dos seus modos de vida.


As principais bandeiras dos povos do mar e das águas eram pelo reconhecimento dos territórios pesqueiros, por meio do PL 131/2020, a Campanha Mar de Luta que denuncia os impactos do vazamento de petróleo em 2019 na costa brasileira, pela aprovação da nova Lei da Pesca (PL 4789/2024), contra a especulação imobiliária e a exploração de petróleo na Foz do Amazonas. Com criatividade e contundência, o cortejo incluiu um “funeral dos combustíveis fósseis”, com caixões simbólicos, bonecos satíricos e performances que denunciaram os impactos do colapso climático e do modelo energético vigente sobre os territórios tradicionais.


A marcha foi também um espaço para visibilizar lutas históricas e novas campanhas. Uma cobra gigante de 30 metros, carregando a frase “Financiamento direto para quem cuida da floresta”, percorreu todo o trajeto. Criada por artistas de Santarém com apoio do movimento Amazônia de Pé e da Aliança dos Povos pelo Clima, a escultura denunciou os obstáculos ao acesso direto de recursos por comunidades tradicionais que estão na linha de frente da conservação. Máscaras de Chico Mendes e do cacique Raoni se espalharam entre os manifestantes, reafirmando que os verdadeiros guardiões da Amazônia resistem.


A Marcha Global pelo Clima na COP30 foi mais do que um protesto: foi um grito coletivo por uma transição justa construída a partir dos territórios. Como expressou a ativista Munduruku Marciele Albuquerque: “Somos nós que vivenciamos a Amazônia e pagamos pelas consequências da crise climática. Nossa voz precisa ser escutada – nas ruas e nas negociações”. Os povos do mar e das águas estiveram e seguirão presentes, lembrando que sem justiça para os territórios, não há justiça climática.


Confira fotos do Linha D'Água da Marcha:


 

 

De Nyéléni a Belém: a esperança combativa dos povos pela transformação sistêmica


Evento “De Nyéléni a Belém: transformação sistêmica agora e sempre” marcou o lançamento oficial da Declaração de Kandy

A força dos movimentos sociais do campo, das águas e das florestas tomou conta da COP30 durante o evento “De Nyéléni a Belém: transformação sistêmica agora e sempre”, que marcou o lançamento oficial da Declaração de Kandy. O ato foi um potente momento de articulação internacional e reafirmação das lutas por soberania alimentar, justiça climática, igualdade de gênero e direitos dos povos. O evento conectou territórios e trajetórias de resistência, unindo vozes de quem cuida da vida em todo o planeta.


A Declaração de Kandy é mais do que um documento: é uma carta política construída coletivamente por mais de 700 delegados de mais de 100 países que estiveram reunidos no 3º Fórum Global Nyéléni, realizado em setembro de 2025, no Sri Lanka. Camponeses, povos indígenas, campesinos, pescadoras e pescadores artesanais, movimentos feministas, jovens, trabalhadores e ativistas se uniram para atualizar as bases comuns da luta por justiça e dignidade frente à crise sistêmica provocada pelo capitalismo, o patriarcado e o colonialismo.


Traduzida em 18 idiomas e fruto de anos de escuta coletiva e assembleias regionais, a declaração se ergue como uma bússola política global, que denuncia as falsas soluções de mercado, afirma o direito à autodeterminação dos povos e propõe caminhos concretos para a construção de economias do cuidado, da solidariedade e da vida. “Transformação sistêmica, agora e para sempre” é o grito que ecoa desse processo e que chegou com força à COP30 em Belém.


A presença de figuras como Susan Herawati, liderança do Fórum Mundial dos Povos Pescadores (WFFP), reforçou a centralidade da luta dos povos do mar e das águas no cenário global. O evento foi também um chamado à convergência: dos saberes tradicionais com os debates climáticos, das resistências locais com a articulação internacional, da urgência com a esperança combativa que move quem está na linha de frente da mudança. De Kandy a Belém, a luta continua viva, coletiva e global.



Soluções Azuis para o Clima: comunidades tradicionais e políticas públicas lado a lado na COP30


 painel “Implementando Soluções Baseadas no Oceano: Políticas e Parcerias” reforçou a urgência de ações coordenadas entre ciência, comunidades tradicionais e instituições públicas.

Neste sábado, a COP30 abriu espaço para um importante debate sobre a centralidade do oceano na luta contra a crise climática. O evento “Brasil em Ação: Soluções Azuis Para o Clima” reuniu lideranças governamentais, especialistas e representantes de organizações da sociedade civil para discutir caminhos possíveis de integrar oceanos e políticas climáticas.


O painel “Implementando Soluções Baseadas no Oceano: Políticas e Parcerias” reforçou a urgência de ações coordenadas entre ciência, comunidades tradicionais e instituições públicas.

Representando a CONFREM, Carlinhos da AMEX levou à mesa a sabedoria dos povos do mar, destacando o papel dos territórios extrativistas na conservação da biodiversidade e no enfrentamento das mudanças climáticas.


Ele ressaltou que o fortalecimento das Áreas Marinhas Protegidas e a gestão compartilhada dos recursos costeiros só serão eficazes se incluírem o conhecimento tradicional e a participação direta das comunidades que vivem e cuidam desses territórios.

 

“Logo cedo, na marcha, muita gente me perguntava onde poderia falar sobre o que está acontecendo em seus territórios. E eu nunca vou esquecer a companheira da Lagoa dos Patos, denunciando o esgoto que invade a vida da sua comunidade. Sempre tentaram dizer que somos atraso, que atrapalhamos o progresso. Mas a verdade aparece: é nos nossos modos de vida que estão as soluções. Somos nós que sentimos primeiro, que defendemos primeiro, que gritamos quando a Terra começa a sofrer”, destacou Carlinhos.


Ana Paula Prates, Diretora do Departamento de Oceano e Gestão Costeira do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), reforçou a importância de incorporar a pauta oceânica nas políticas públicas. “A gente sempre começa reconhecendo o papel do oceano como grande regulador climático do planeta. E é exatamente por isso que precisamos colocar as questões do oceano dentro das políticas públicas nacionais e internacionais. Temos trabalhado para articular a conservação da biodiversidade com outras políticas, reconhecendo o oceano como uma imensa teia de vida que garante a regulação climática por meio de seus ecossistemas”, afirmou.


Além de Carlinhos e Ana Paula, o painel contou com participações relevantes como Marina Corrêa (WWF-Brasil), Janaína Bumbeer (Fundação Grupo Boticário), Nátali Piccolo (Conservação Internacional – Brasil), Marcus Cardoso Santiago (BNDES), Leandro Pedron (MCTI) e Marinez Scherer (Enviada Especial para o Oceano da COP30). Juntos, compartilharam experiências e reforçaram a importância de parcerias intersetoriais para a criação e gestão eficaz de Áreas Marinhas Protegidas e outras soluções baseadas no oceano. Assista a íntegra do Painel no Youtube do MMA.


Grito do Mangue pelo Clima ecoa em Belém-PA

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Neste sábado (15/11), comunidades tradicionais do litoral amazônico lançaram na COP30 o documento “O Grito do Mangue pelo Clima”, uma carta política construída coletivamente por povos extrativistas e organizações costeiras da região. O texto denuncia a exclusão dessas populações dos processos decisórios e alerta para o agravamento das vulnerabilidades socioambientais causadas pela crise climática, mesmo sendo essas comunidades peças-chave para a proteção dos manguezais e da sociobiodiversidade da Amazônia.


O documento apresenta um diagnóstico local dos impactos das mudanças climáticas, com relatos de comunidades que já enfrentam deslocamentos forçados e perda de renda e território. A carta cobra inclusão nos planos de adaptação e no manejo de Reservas Extrativistas, além de políticas públicas que garantam permanência, segurança hídrica e alimentar, e justiça territorial para quem vive da pesca artesanal, do caranguejo e do extrativismo de base comunitária.


O recado é direto: proteger os manguezais é proteger quem cuida deles. Sem essas comunidades, não há solução climática possível nem para o Brasil, nem para o planeta.



Negociações técnicas chegam ao fim em busca de consenso e temas cruciais seguem em debate


A primeira fase técnica de negociações da COP30 chegou ao fim neste sábado (15/11) ainda em busca de consenso entre os países. Apesar de alguns avanços em textos preliminares, temas centrais como adaptação climática, financiamento para países em desenvolvimento, metas mais ambiciosas e transparência nas emissões ainda geram impasses. Trechos dos documentos contam com até quatro versões alternativas, e as decisões foram adiadas para a próxima semana, quando os ministros de Estado assumem as conversas.


Fora da pauta oficial, quatro temas considerados sensíveis - financiamento climático, ambição nas metas, barreiras comerciais ambientais e transparência - estão sendo discutidos em consultas informais lideradas pela presidência da COP30 para evitar bloqueios. O embaixador André Corrêa do Lago reconheceu as divergências, mas se mantém otimista sobre avanços.



Mapa de Baku a Belém avança na COP30 com apoio global para financiar ação climática


Na primeira reunião oficial sobre a execução do Mapa do Caminho de Baku a Belém, representantes de países desenvolvidos e em desenvolvimento, investidores e sociedade civil demonstraram receptividade à meta ambiciosa de mobilizar US$ 1,3 trilhão até 2035

Na primeira reunião oficial sobre a execução do Mapa do Caminho de Baku a Belém, representantes de países desenvolvidos e em desenvolvimento, investidores e sociedade civil demonstraram receptividade à meta ambiciosa de mobilizar US$ 1,3 trilhão até 2035 para financiar a ação climática em nações em desenvolvimento. O encontro ocorreu neste sábado (15/11), na Zona Azul da COP30, e marcou o início das articulações concretas para transformar o plano — elaborado pelas presidências da COP29 e COP30 — em ação coordenada e efetiva.


O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, destacou que o documento é um “plano vivo” e continuará recebendo contribuições. Já Ana Toni, CEO da COP30, reforçou que os recursos existem, mas é preciso redirecioná-los de forma mais justa, acessível e previsível. “Não se trata de criar novos instrumentos, mas de melhorar o financiamento existente, com foco na cooperação e no impacto real”, afirmou. A reunião teve participação ativa de representantes da França, Japão, Quênia, Noruega, Reino Unido, China, Canadá e União Europeia, entre outros.


O secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, alertou para os custos da inação: “Cada centavo aplicado na prevenção é economia no futuro”. A proposta é que o Mapa se torne um guia estratégico para transformar promessas financeiras em entregas concretas — respondendo com escala e urgência à crise climática, especialmente nos países mais vulneráveis.



Brasil lança Hub de Plataformas de Países para fortalecer liderança climática nacional


Durante a COP30, o Brasil e o Fundo Verde para o Clima anunciaram o lançamento do Hub de Plataformas de Países, uma nova estrutura de colaboração voltada a apoiar a criação de estratégias nacionais de financiamento climático lideradas pelos próprios países. Treze nações e uma região africana confirmaram a criação de suas plataformas nacionais, alinhadas com o programa de prontidão do GCF, fortalecendo a capacidade de mobilizar investimentos de forma justa, eficaz e conectada às prioridades locais.


O Hub integra o Plano de Aceleração de Soluções da COP30 e representa um avanço concreto na arquitetura global de financiamento climático. Sob liderança brasileira, o mecanismo será coordenado por um comitê com maioria de países em desenvolvimento e operará com apoio técnico de parceiros como PNUD, V20, FiCS e NDC Partnership. A expectativa é que a iniciativa facilite o acesso a recursos, promova autonomia estratégica dos países e acelere a implementação de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), traduzindo ambição em ação climática real.


A solução financeira para enfrentar a crise climática global precisa garantir que os recursos cheguem diretamente aos territórios e comunidades tradicionais, que vivem na linha de frente dos impactos e são fundamentais para a conservação dos ecossistemas. É nos territórios que a mudança acontece, e o fortalecimento dessas comunidades é chave para uma transição justa e eficaz.



Confira as notícias de destaque do 5º Dia da COP30:


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