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Dia 3 COP30: grandes mobilizações, avanços científicos e alertas sobre justiça climática

  • comunicacao5558
  • há 6 dias
  • 7 min de leitura

Barqueata histórica, defesa dos Sistemas Agrícolas Tradicionais, novos compromissos internacionais e dados preocupantes sobre financiamento climático marcaram a quarta-feira em Belém.


 terceiro dia da COP30 começou com força política e simbólica na Baía do Guajará, onde mais de cinco mil pessoas participaram da barqueata que abriu a Cúpula dos Povos

 

O terceiro dia da COP30 começou com força política e simbólica na Baía do Guajará, onde mais de cinco mil pessoas participaram da barqueata que abriu a Cúpula dos Povos. Indígenas, quilombolas, pescadores e pescadoras artesanais, ribeirinhos e movimentos sociais denunciaram petróleo, Ferrogrão, expansão da soja e outros projetos que ameaçam seus territórios. Em meio a faixas e cantos, lideranças como o cacique Raoni reforçaram a resistência e o chamado por justiça climática, transformando o ato em um dos momentos mais marcantes da conferência até agora.


No campo técnico e científico, o dia foi marcado pelo lançamento do livro “Mudanças Climáticas no Brasil: Estado da Arte e Fronteiras do Conhecimento”, do MCTI, que reúne pesquisas essenciais sobre impactos, riscos e caminhos de adaptação no país. Além disso, a mesa “Clima, comida e saberes”, organizada pelo ISA, destacou a importância dos Sistemas Agrícolas Tradicionais como soluções de baixo carbono, enquanto a nova Declaração de Integridade da Informação - assinada por 12 países - estabeleceu compromissos inéditos para combater a desinformação climática no mundo. 


Os debates também expuseram dados preocupantes: relatórios apresentados por PIPA, MIRÍ e ActionAid mostram que a filantropia climática segue negligenciando periferias e que menos de 3% do financiamento global apoia a transição justa.


Ao longo do dia, iniciativas centradas nos territórios e nas pessoas ganharam destaque. O evento sobre a Rede de Fundos Comunitários da Amazônia Brasileira reforçou a importância de modelos político-financeiros criados pelos e para os povos da floresta. Já o lançamento da Iniciativa Global sobre Empregos e Capacitação para a Nova Economia apresentou uma agenda de ação para uma transição climática que gere trabalho digno e inclusão econômica - com potencial de criar aproximadamente 380 milhões de novos postos de trabalho na próxima década.


Juntas, essas agendas revelam que a COP30 avança tanto na resistência dos povos quanto na produção de conhecimento e propostas concretas para um futuro mais justo e sustentável.

 

Confira os destaques do terceiro dia:

 

Barqueata na Baía do Guajará reúne milhares e marca início da Cúpula dos Povos com forte alerta contra petróleo, ferrovia e avanço do agronegócio

a barqueata que tomou a Baía do Guajará com cerca de 200 embarcações e mais de 5 mil participantes de 62 países

A manhã desta quarta-feira foi marcada por uma das mobilizações mais potentes da COP30: a barqueata que tomou a Baía do Guajará com cerca de 200 embarcações e mais de 5 mil participantes de 62 países, abrindo simbolicamente a Cúpula dos Povos em Belém. Indígenas, ribeirinhos, quilombolas, pescadores e pescadoras artesanais, movimentos sociais e até representantes palestinos navegaram juntos para denunciar projetos que ameaçam seus territórios e exigir maior representatividade nas negociações climáticas.


Ao final do ato, o cacique Raoni Mẽtyktire fez fortes críticas à exploração de petróleo na Foz do Amazonas, à Ferrogrão e ao avanço da soja e do desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Reafirmou que seguirá pressionando o governo federal. Enquanto o licenciamento da Foz do Amazonas já foi liberado pelo Ibama, a Ferrogrão - defendida pela bancada ruralista - segue em disputa.


A barqueata, transformou a Baía do Guajará em um mosaico de faixas, cores e palavras de ordem como “Amazônia protegida”, “A soja passa, a destruição fica” e “Sem justiça climática e educacional, não há COP que salve o planeta”. Mais do que um ato, a mobilização reafirmou a força coletiva dos povos da Amazônia e de aliados internacionais na defesa de seus territórios, da biodiversidade e de um futuro climático justo.

 

 

Clima, comida e saberes: líderes indígenas, quilombolas e ribeirinhos defendem Sistemas Agrícolas Tradicionais como soluções para a crise climática

Instituto Socioambiental (ISA) realizou  a mesa “Clima, comida e saberes – Estratégias e políticas que salvaguardam Sistemas Agrícolas Tradicionais”

O Instituto Socioambiental (ISA) realizou  a mesa “Clima, comida e saberes – Estratégias e políticas que salvaguardam Sistemas Agrícolas Tradicionais”, reunindo lideranças indígenas, quilombolas e ribeirinhas para debater caminhos que garantam soberania alimentar, justiça climática e proteção dos territórios. O destacou que os Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs) - base das economias da sociobiodiversidade - geram alimentos, protegem o meio ambiente e reduzem desigualdades.


Nilce de Pontes, coordenadora da Conaq-SP, reforçou que o primeiro passo para fortalecer esses sistemas é garantir os territórios: “É preciso ter o território demarcado e autodeclarado”. Da Amazônia, Hildete Araújo, da FOIRN, alertou para os desafios cotidianos da segurança alimentar nas comunidades: “As políticas públicas precisam pensar na segurança alimentar dentro dos territórios. São muitos desafios até o alimento chegar às escolas”. Já Jeferson Camarão, do ISA, lembrou que, sem estrutura financeira adequada, não há como avançar: “Sem fluxo de caixa não dá para rodar o crédito”.


O evento mostrou que, apesar da ancestralidade e sofisticação dos SATs, eles seguem sob forte pressão do agronegócio, do garimpo ilegal, da grilagem e das mudanças climáticas. Para que esses sistemas floresçam e se consolidem como soluções de baixo carbono, é preciso avançar em segurança territorial, mercados justos, crédito adaptado e políticas públicas integradas.

 

 

MCTI lança livro sobre mudanças climáticas no Brasil

MCTI lançou o livro “Mudanças Climáticas no Brasil: Estado da Arte e Fronteiras do Conhecimento”

Nesta quarta-feira o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lançou o livro “Mudanças Climáticas no Brasil: Estado da Arte e Fronteiras do Conhecimento”. A cerimônia, realizada no Museu das Amazônias, reuniu pesquisadoras e pesquisadores de diversas áreas e destacou o protagonismo da ciência brasileira na compreensão dos impactos do aquecimento global no país e no mundo.


A obra compila estudos que abordam desde as alterações nos ecossistemas e na saúde humana até os efeitos socioeconômicos das mudanças climáticas. Segundo o diretor de Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes, o livro reflete a diversidade de saberes e perspectivas do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, integrando especialistas de áreas como saúde, economia e agricultura.


Presente no evento, a Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil, Luciana Santos, destacou a importância de reaproximar a ciência da gestão pública. “Esses alertas nos chamam à ação e reforçam o papel essencial do conhecimento científico para orientar políticas robustas e justas”, afirmou.


Declaração histórica firmada na COP30 prioriza combate à desinformação climática

Grupo de 12 países firmou a Declaração de Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas

Nesta quarta-feira, um grupo de 12 países firmou a Declaração de Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas, um marco global na luta contra a desinformação. O documento estabelece medidas concretas para enfrentar conteúdos falsos na internet e frear ataques direcionados a jornalistas ambientais, cientistas e pesquisadores que produzem informações verificadas e baseadas em evidências. A declaração foi endossada por Brasil, Canadá, Chile, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Espanha, Suécia, Uruguai, Países Baixos e Bélgica.


O anúncio integra a Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas - lançada em junho e construída em parceria entre o Governo brasileiro, o Departamento Global de Comunicações da ONU e a Unesco. Durante o evento, o secretário de Políticas Digitais da Presidência do Brasil, João Brant, destacou a importância do compromisso internacional, afirmando que o objetivo agora é “criar uma onda de difusão da verdade”. A iniciativa reforça o entendimento de que enfrentar a crise climática também exige proteger o debate público, o jornalismo e a ciência de ataques e manipulações.


Relatórios apontam que doações excluem periferias e ignoram a transição justa

 PIPA apresentou, em parceria com o Coletivo MIRÍ, o documento “Diretrizes para a Filantropia Climática”

A PIPA apresentou, em parceria com o Coletivo MIRÍ, o documento “Diretrizes para a Filantropia Climática” em um evento paralelo à COP, em Castanhal (PA). O levantamento revela um cenário de profunda desigualdade no financiamento: embora 82,3% das organizações periféricas atuem diretamente em agendas climáticas, apenas 15,9% conseguiram acessar recursos específicos para clima. O estudo expõe o descompasso entre a intensidade das ações realizadas nos territórios e o baixo volume de recursos destinados a quem vive e enfrenta diariamente os impactos da crise climática.


Um segundo relatório, intitulado “Financiamento climático para uma transição justa: como o financiamento flui”, foi lançado recentemente pela ActionAid e traz dados ainda mais alarmantes. A análise mostra que menos de 3% do financiamento climático multilateral apoia iniciativas baseadas no princípio de transição justa — ou seja, aquelas que incluem populações negras, indígenas, periféricas e tradicionais nas decisões sobre mitigação e adaptação. O relatório aponta que, em mais de uma década, apenas US$ 630 milhões foram investidos em projetos com essa abordagem, o equivalente a 1 dólar a cada 35 dólares destinados à mitigação climática.

 

Rede de Fundos Comunitários da Amazônia Brasileira em debate

Evento “Rede de Fundos Comunitários da Amazônia Brasileira

O Instituto Linha D’Água esteve presente no evento “Rede de Fundos Comunitários da Amazônia Brasileira: iniciativas político-financeiras dos territórios, para os territórios, frente aos desafios socioambientais e climáticos”, realizado nesta quarta (12) na Casa Sul Global, durante a COP30. O encontro reuniu experiências de fundos comunitários que colocam os povos da floresta no centro da gestão de recursos, da proteção dos territórios e da construção de soluções climáticas baseadas em saberes tradicionais.


Com representantes de iniciativas como os fundos Rutî, Dema, inPodáali, Mizizi Dudu e Luzia Dorothy do Espírito Santo, o debate reforçou que os territórios amazônicos são espaços de inovação, autonomia e liderança comunitária, capazes de articular finanças solidárias e fortalecer estratégias de adaptação e mitigação climática. A participação do Linha D’Água reforça nosso compromisso com modelos que descentralizam poder, ampliam justiça socioambiental e fortalecem a atuação direta das comunidades na transição para um futuro mais justo e sustentável.

 

 

Iniciativa Global para Empregos e Capacitação na Nova Economia

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Foi lançado, na manhã desta quarta-feira (12/11), a Iniciativa Global sobre Empregos e Capacitação para a Nova Economia, um esforço internacional que busca integrar trabalho decente, qualificação profissional e transição climática. A proposta conecta governos, setor produtivo e sociedade civil para apoiar a criação de "empregos verdes", incluir capacitação nos planos nacionais de clima e mobilizar recursos públicos e privados por meio de fundos climáticos e novos mecanismos de investimento.


Foi apresentado o relatório principal da iniciativa “Empregos e Competências para a Nova Economia: Uma Agenda de Ação para uma Transição Climática Centrada nas Pessoas”, que oferece uma análise inédita sobre como mudanças climáticas, avanços tecnológicos, demografia e geopolítica impactam trabalhadores, habilidades e mercados de trabalho.


O documento propõe uma agenda de ação voltada a uma transição climática centrada nas pessoas, orientando tomadores de decisão a construir economias resilientes, inclusivas e de baixo carbono. Em coletiva de imprensa, a CEO da COP30, Ana Toni, destacou que a "essa transição pode criar aproximadamente 380 milhões de novos postos de trabalho na próxima década".


Confira as notícias de destaque do 3º Dia da COP30:


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